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A Mostra de Arte Contemporânea Art'In Lima lança a quarta edição subordinada ao tema O Eterno Feminino.
Entre o Sagrado e o Profano, a Mulher nunca é inteira. Ela é a Divindade e a Guerreira, a Matriarca e a Femme Fatale, a Macarena e a Virgem Maria, a mártir e a sanguinária, a musa e a sentença.
“É sempre difícil descrever um mito; ele não se deixa apanhar nem cercar, habita as consciências sem nunca postar-se diante delas como um objeto imóvel. É por vezes tão fluído, tão contraditório, que não se lhe percebe, de início, a unidade: Dalila e Judite, Aspásia e Lucrécia, Pandora e Atena, a mulher é, ao mesmo tempo, Eva e a Virgem Maria. É o ídolo, uma serva, a fonte da vida, uma força das trevas; é o silêncio elementar da verdade, é artifício, tagarelice e mentira; a que cura e a que enfeita; é a presa do homem e a sua perda, é tudo o que ele quer ter, a sua negação e a sua razão de ser.” - Simone de Beauvoir
As primeiras divindades adoradas foram mulheres. De seios fartos e quadris generosos, representavam a sexualidade feminina, a fertilidade, a guerreira, a criadora do céu e do Sol, das artes e das colheitas, a que dá a vida e embala na morte, a deusa-mãe.
As civilizações evoluíram pela mão e vontade do homem, colocando sempre a mulher no lugar do Outro. Nunca o ser humano, mas a mulher, o ser do sexo feminino, suscetível de humores, incapaz de formular opinião.
Impedida de exercer um papel ativo na sociedade, iludida pela promessa de devoção, proteção e amor, foi subjugada. Desde os primórdios que o homem dita as regras da sociedade, da política e da economia. A força bruta necessária à evolução e sobrevivência da espécie foi o ponto de partida para a clausura da mulher. Inferiorizada pela falta de robustez física e pela fecundidade, foi sendo empurrada para a condição de esposa, mãe e cuidadora.
Os tempos foram passando e várias foram as mulheres que se insurgiram e lutaram pela sua liberdade e ficaram eternizadas nas páginas da história. A elas deve a mulher de hoje a liberdade de pensamento, a liberdade de escolha, a liberdade de amar, a liberdade de ser.
Mas o que define o Eterno Feminino? Um ser que se revela na essência, na graça, na beleza, tão complexo quanto intemporal. Nunca apenas uma mulher. A mulher é a personificação do desejo do homem, esculpida pela sociedade onde nasce, cresce e morre. Nunca apenas uma mulher.
O mito permanece.